Wednesday, October 15, 2008

Discurso Inaugural

Sejam todos bem-vindos ao Culinária Punk Rock, o mais novo empreendimento da Poeira Entretenimento e Comunicação LTDA e o mais novo blog da Poeirosfera.

A idéia desse blog nasceu há muitos anos atrás, antes mesmo de existirem os blogs. Eu queria fazer um livro de culinária simples, para pessoas que nunca cozinharam na vida. Ensinar pessoas que não sabem nem fritar um ovo a se virarem na cozinha bem o suficiente para cozinharem todos os dias a própria comida. Agregar o conceito do "faça você mesmo" à cozinha do dia-a-dia, com a intenção de libertar as pessoas comuns das amarras do Miojo e da lazanha da Sadia. Um livro que ensinasse às pessoas uma das atividades mais básicas da raça humana: cozinhar!

Desde a aurora dos tempos que o ser humano prepara alimentos para o consumo. Nossos ancestrais da idade da pedra não sabiam ler nem escrever, mas já intuiam maneiras de melhorar sua própria alimentação. É o caso por exemplo do controle do fogo, e de seu uso não-bélico para cozinhar alimentos. De coletores passamos a caçadores, depois a lavradores, agricultores, e assim foi a evolução.

Ao longo de nossa História, a culinária se desenvolveu e refinou, tornando-se um sistema complexo e intrincado que alguns chamam de Arte Culinária. Em cada povo e nação do planeta desenvolveu-se uma culinária diferente, baseada nos ingredientes que existiam naturalmente em cada local. Aos poucos foram-se criando inúmeras combinações de ingredientes, temperos, formas de preparo e de consumo da comida.

Infelizmente, com o advento da indústria e do comércio, muitas pessoas se afastaram das panelas e do fogo, relegando sua própria alimentação à comida feita por outras pessoas, ou até mesmo por máquinas. Hoje em dia, nos países mais industrializados, cada vez mais as pessoas se alimentam de comida pré-fabricada, preparada com produtos químicos e processos excusos, embalada em pacotes e vendida aos milhões, cheia de conservantes, colorantes, acidulantes e outras presepadas.

O resultado disso apareceu rapidamente: os números referentes a doenças cardíacas e provocadas pela má nutrição disparou nesses tais países. Metrópoles culturais como Inglaterta e Estados Unidos deram um péssimo exemplo a suas colônias, que imitaram os primos ricos chafurdando na gordura congelada e nos alimentos processados.

Nesse cenário caótico e decadente, o que poderia ser mais punk do que cozinhar a sua própria comida? Se você quer uma coisa bem feita, faça você mesmo! Ninguém melhor do que você sabe do que você gosta e do que o seu organismo precisa para funcionar bem. Nós somos, literalmente, o que comemos, e cuidar de nossa própria alimentação é tão ou mais importante do que cuidar da pureza da água que bebemos e do ar que respiramos.

Façamos então um pacto pela saúde e pela liberdade de escolha. Vamos dar um bom exemplo às gerações futuras, começando essa revolução dentro de nossas casas, em nossos próprios pratos. Chega de porcarias sem cor e com gosto artificial, cheias de sal e substâncias desconhecidas. Tragamos de volta as cores e os aromas à nossa mesa. Vamos festejar a diversidade cultural através das comidas de todos os países, deixando os congelados para quem realmente precisa deles - os astronautas, por exemplo.

Nós, brasileiros, temos ainda mais motivos de nos orgulhar do que comemos. Vivemos em um país generoso em diversidade de alimentos, onde planta-se e cria-se de um tudo. Em que outro país do mundo poderíamos encontrar tantas carnes, frutas, legumes, grãos e bebidas tão variados quanto aqui? Bananas, pêssegos, morangos, abacaxi, limão. Dourado, linguado, merluza, cação e salmão. Pimenta do reino, de cheiro, dedo de moça e da Jamaica. É só escolher e botar no prato.

Chega de comer com pressa, e chega de comidas cinzas. Queremos verde, vermelho, amarelo, roxo, branco, preto, marrons! Cheiros e gostos diferentes todos os dias, e muitos nutrientes para os músculos e para o cérebro. Tomemos as rédeas de nosso destino alimentar!

Revolução no prato! Avante, companheiros!

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